A orelha de abano acomete cerca de 5% da população, sendo uma alteração congênita comum. A otoplastia, procedimento para correção da orelha de abano, é a cirurgia estética mais realizada em crianças. Apesar de complicações serem pouco frequentes neste procedimento, elas podem ocorrer. A maioria delas pode ser minimizada através da seleção adequada do paciente, planejamento e análise pré-operatória correta, técnica cirúrgica meticulosa e cuidados pós-operatórios apropriados. As principais complicações que podem ser observadas são:
Sangramento e hematoma
A orelha possui uma vascularização exuberante, apresenta irrigação de ramos direto da artéria carótida externa. Essa circulação sanguínea intensa permite a dissecção de várias regiões da orelha em um mesmo procedimento, por outro lado, pode contribuir para um sangramento ou hematoma no pós-operatório.
A incidência de hematoma é de 2%. No caso de ocorrência, o tratamento corresponde a drenagem e revisão da hemostasia.
Infecção
Por ser uma cirurgia limpa, a infecção pós-operatória é muito rara na otoplastia – cerca de 2,4% dos casos. Quando presente, os sintomas são observados 5 dias após a cirurgia e as manifestações clínicas mais frequentes são dor, vermelhidão, calor local e pode ocorrer drenagem de secreção purulenta.
O tratamento da infecção é realizado através da administração de antibióticos.
Queloide e cicatriz hipertrófica
A proliferação excessiva do tecido de cicatrização normal pode causar alterações na cicatriz da otoplastia. A cicatriz hipertrófica é elevada, avermelhada, no entanto, respeita os limites da incisão cirúrgica e apresenta uma tendência de regressão ao longo do tempo. O queloide também se apresenta como uma cicatriz elevada, avermelhada, porém, neste caso, não se limita ao tamanho da incisão, crescendo mais do que ela. O queloide não regride com o tempo e tende a causar sintomas como dor, coceira e alteração da sensibilidade.
O tratamento do queloide e da cicatriz hipertrófica é realizado através da infiltração de corticoide e, em alguns casos, é necessária a retirada da cicatriz.
Complicações do material de sutura
Existem mais de 170 técnicas para a correção da orelha de abano, sendo que muitas delas utilizam fios de sutura para a realização da moldagem da cartilagem da orelha. Esses materiais podem, ao longo do tempo, se tornarem visíveis e serem expulsos pelo organismo.
Recidiva
Independente da técnica utilizada, a otoplatia apresenta uma chance da orelha retornar a sua posição original de maneira parcial ou total. A cartilagem apresenta uma “memória”, ou seja, uma tendência a voltar a sua posição original. Assim, essa força exercida pela cartilagem pode afrouxar as suturas, fazendo com que ocorra o retorno parcial da posição orelha.
As complicações na otoplastia são raras, no entanto, quando presentes devem ser prontamente tratadas. A prevenção destes eventos é realizada através da seleção adequada do paciente e realização da técnica cirúrgica de maneira meticulosa. Portanto, o procedimento precisa ser realizado por um médico especialista.