Orelha de abano ou orelha proeminente corresponde as alterações do pavilhão auricular que promovem uma mudança de posição da orelha, fazendo com que a mesma se torne mais visível. Sua causa é genética, com comportamento dominante. Assim, é comum observar casos semelhantes na mesma família.
O diagnóstico da orelha de abano é clínico e pode ser feito nos primeiros meses de vida. As principais alterações encontradas são:
1. Apagamento do sulco anti – helical;
2. Hipertrofia de concha;
3. Aumento do ângulo de abertura da orelha;
O tratamento é feito através de uma cirurgia chamada otoplastia. É recomendado que o procedimento seja realizado na idade pré escolar, já que os problemas de “bullying” iniciam a medida que a criança interage com a sociedade. Crianças com 3 anos de idade já apresentam a orelha com 85% do tamanho da orelha quando adultas. Recomenda–se que a cirurgia seja realizada entre 6 e 7 anos de idade.
Como é realizada a otoplastia?
A otoplastia pode ser feita com anestesia geral, local e sedação e em adultos a cirurgia pode ser realizada com anestesia local .
A incisão para a cirurgia de correção de orelha de abano é realizada na face posterior da orelha, portanto, a cicatriz fica bem escondida. As primeiras técnicas de otoplastia tentaram apenas retirar pele da face posterior da orelha para que a mesma adquirisse uma posição posterior. Hoje, sabe–se que para a cirurgia ter sucesso é necessário que se aborde a cartilagem, pois a retirada apenas de pele tem grande chance de insucesso.
Na abordagem da cartilagem para o remodelamento pode–se aplicar 3 técnicas:
1. Pontos de sutura para o remodelamento da cartilagem: O uso de pontos em locais estratégicos da orelha permitem o remodelamento da cartilagem. Os principais tipos de suturas são: Sutura de Mustardè e Sutura de Furnas.
2. Raspagem da cartilagem: a cartilagem apresenta uma propriedade conhecida como fenômeno de Gibson. Ou seja, quando a cartilagem da orelha é raspada em uma face, ela tende a ser curvar para a face oposta. Deste modo, o cirurgião consegue remodelar a orelha.
3. Ressecção do excesso de cartilagem: Em alguns casos, para o adequado posicionamento da cartilagem é necessário a remoção do excesso de cartilagem.
A técnica utilizada é uma decisão médica, após a avaliação de cada caso em individual. Em alguns casos é utilizado a associação de técnicas.
Cuidados pós operatórios
Após a cirurgia é confeccionado um curativo tipo “capacete” que deve permanecer por 24 a 48 horas.
Após a retirada do curativo é recomendado o uso de uma faixa compressiva “tipo testeira”, por pelo menos 12 horas por dia, durante 1 mês.
É comum após o procedimento as orelhas se tornarem inchadas, ou mesmo edemaciadas no pós operatório. Desse modo, é aconselhável dormir com a cabeceira elevada por 3 a 5 dias para a redução do inchaço. Deve-se evitar atividade física por um mês. Não há necessidade de retirada de pontos, já que são utilizados fios absorvíveis.
Complicações da otoplastia
Apesar de ser um procedimento simples, a otoplastia é uma cirurgia, e portanto é passível de complicações.
a) Hematoma pós operatório: Após a cirurgia pode-se acumular sangue entre a cartilagem e a pele no espaço do descolamento da pele para a moldagem da orelha. Caso ocorra a formação de hematoma, o tratamento é a drenagem e curativo compressivo.
b) Infecção pós operatória: A otoplastia é uma cirurgia considerada limpa, desse modo, a probabilidade de infecção é baixa. A prevenção é feita através de uma técnica cirúrgica adequada.
c) Recidiva da orelha de abano: A cartilagem possui uma “memória” muito forte. Assim, ao longo da vida, existe uma possibilidade da orelha retornar (total ou parcial) a sua posição original. O tratamento é como uma nova cirurgia.
Ficou com dúvidas sobre Otoplastia? Confira os posts abaixo no Blog do Dr. Fabrício Ribeiro: